(29/12/1988 — 11/08/2009)
20 anos
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Querida mãezinha Simone,
O mês de agosto ainda está tão presente em nossos corações. Até então, acredito que não que existia família mais feliz que a nossa. Eu e minha mãe, amiga, minha confidente, passeios no shopping, ao Mc’donalds, ao cinema e em tudo que é lugar. Éramos sombra uma da outra. Você, tão antiga em vista da idade de sua geração diferente, se esforçando o quanto podia só para acompanhar o andamento das coisas que envolvesse sua filha. Hoje penso que, talvez, meus poucos momentos com você e meu pai Carlos, minha avó Cidinéia e meu avô Oswaldo, juro, repito, que esta convivência rápida talvez tenha justificado este dengo entre nós duas.
[su_expand more_text=”Continuar lendo…” less_text=”Mostrar menos” height=”500″ hide_less=”yes” link_color=”#c30714″ link_style=”button” link_align=”center” more_icon=”icon: plus” less_icon=”icon: minus”]Saiba que me corta o coração ver meus avós tão tristes, e meu pai também. Eu sei que em casa, embora o hábito de preto a dizer que está de luto não é usual, sei que todos, eu mesma, trazemos os corações enlutados e as faces revestidas pela dor deste momento tão triste que me aconteceu. Fizemos tudo quanto estava ao nosso alcance, mas a gripe suína não só roubou a minha vida como a vida de tantos outros jovens e de pessoas maduras.
Eu sei que voltar de maneira tão inesperada, trouxe muita dor para nossa família e para mim mesma. Saiba mãe, que ninguém jamais tirou o direito de recriminar você por haver espalhado minhas fotos pela casa e muito menos o hábito que você tem de, antes de orar, conversar comigo, seja pela manhã ou à noite, ou a qualquer hora do dia. É verdade que minhas fotos não lhe podem responder, mas eu estou a par deste gesto de amor que nutrimos uma pela outra.
Não tem sido fácil viver longe de casa, já que não gozo das mesmas regalias de quando estivesse aborrecida ou com medo, tendo a benção da presença de minha mãe a se deitar comigo, e quando não dormíamos abraçadas ou cochilávamos no sofá, você depois retornava para seu quarto.
Esquecer das habilidades da vó na cozinha, a mim tem sido muito difícil.
Viver sem você tem me dado uma vontade de morrer de novo. Fique forte mãe, não desanime, é preciso erguer a cabeça. E não acredite que o acaso seja tão forte a ponto de separar duas criaturas que tanto se amam qual nós duas.
Retornei porque foi preciso, ninguém errou, não houve descuido. Tudo aconteceu da maneira que deveria acontecer. Infelizmente, o que tenho aprendido é que tantas vezes somos vítimas de algo em prol do bem comum. Eu e os que perderam as suas vidas, não somos heróis de nada, mas, se lhe der mais alegria veja assim, sua filha foi uma heroína que a par de tantos outros que morreram em silêncio, não deixamos de colaborar de algum modo para o progresso da ciência, das pesquisas e de tomadas de atitude. Veja assim e a partir de hoje, ao pensar nas milhares de vítimas de gripe suína, pense deste modo.
Eu estou bem mãe, mas peço a você que continue firme e se encoraje de olhar com rigor para o meu guarda-roupa, ciente que nas trilhas da vida tem outras tantas Marianas, estagnadas em caminhos de aflições que, graças a Deus eu não passei. Então quando surgir uma coragem maior, faça isto.
Guarde, se lhe proporcionar alegria, meus bilhetes, minhas cartas, o diário e tantas coisas mais. Eu peço a você mãe, que não desista de lutar, preciso ver você forte! Pena que a morte surgiu modificando nossos planos de fim de ano.
Já devo ir concluindo e quero dizer que apesar de não poder estar com vocês vamos por alegria em nossa casa, enfeitá-la com a árvore de Natal sim, que sempre gostei. Não serei eu que deverei ser lembrada nesta data, então não justifica cultivar tristeza neste dia.
Recordemos que Jesus viveu um drama difícil, mas reviveu e provou em definitivo que a morte não existe.
Eu estou bem, “heloooooooo”, firma os pés, mãe! Eu não estarei ausente por muito tempo tá bem?
Beijos,
Mariana Moreira Malaspina.
MENSAGEM PSICOGRAFADA PELO MÉDIUM ALAOR BORGES JR., EM REUNIÃO PÚBLICA, NA NOITE DO DIA 14/12/2009, NO CENTRO LAR ESPÍRITA DE LÁZARO – UBERABA – MG.
Esclarecimentos:
- Simone e Carlos – Pais;
- Vovó Cidinéia – Avó materna;
- Vovô Oswaldo – Avô paterno.
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